Boston, a mais europeia entre as capitais americanas – Voupranos

Boston, a mais europeia entre as capitais americanas

Adobe Stock: Boston, Massachusetts – SeanPavonePhoto

Os tranquilos moradores de Boston, capital do estado de Massachusetts, estão sempre numa boa. Só fecham um pouco a cara quando são confrontados a comparar as atrações da cidade às de Nova York, a 350 km dali. Por conta da proximidade, o embate entre as duas é inevitável, algo que os bostonianos não gostam nem um pouco.

Mesmo menor, Boston consegue competir de igual para igual em muitos aspectos. Tem museus que estão entre os melhores do país, calçadas largas para bater perna sem se dar conta da quilometragem percorrida, parques lindos e, como não poderia faltar, uma infinidade de lojinhas, que são uma tentação. E, na opinião de muita gente, ela ainda ganha de Nova York em um quesito bem importante: beleza.

As casas de tijolos vermelhos aparentes, iguaizinhas às de Londres, estão espalhadas por toda a cidade. São a marca deixada pelos colonos ingleses que chegaram por lá em 1630. Se antigamente serviam como moradia, hoje elas hospedam cafés, galerias, hamburguerias, butiques de estilistas locais.

Isso sem falar em todas as lojas queridinhas dos brasileiros – de H&M, American Apparel e Nike a grifes de alto calibre, como Valentino, Diane von Furstenberg e Burberry – as quais se sucedem, sobretudo, na Newbury Street, rua de oito quarteirões que simboliza todo o charme e elegância da capital.

Adobe Stock: Boston, Massachusetts – SeanPavonePhoto

Adobe Stock: Beacon Hill, Boston – Haveseen

Esses casarões já seriam por si só suficientes para fazer de Boston a mais europeia das cidades americanas, mas a alma de Velho Continente emana de muitos outros cantos da cidade. No meio das muitas mansões, por exemplo, despontam igrejas magníficas dos séculos 18 e 19, como a Old South e a fotogênica Trinity – cujo gramado no verão fervilha de universitários que escolhem aquela praça para ler um livro ou conversar.

A galera dos vinte e poucos anos, aliás, é onipresente em Boston: está em pé batendo papo em frente a cervejarias, remando pranchas de stand up paddle no Rio Charles ou passando a tarde jogando conversa fora em um dos tantos cafés.

É que a área metropolitana é dona, simplesmente, de 60 faculdades, incluindo as aclamadíssimas Massachusetts Institute of Technology (MIT) e Universidade de Harvard, ambas na cidade vizinha de Cambridge, separada de Boston só pelo Rio Charles.

Por ter sido criada em 1636 e apinhada de prédios históricos pomposos com seus tijolos aparentes, Harvard é uma baita atração turística. E está sempre de portas abertas.

É só atravessar os portões e se misturar aos geniozinhos, sentindo o prazer secreto de pisar onde estudaram grandes nomes do mundo, como os políticos George W. Bush, Al Gore e Barack Obama, e os reis da tecnologia, Bill Gates e Mark Zuckerberg.

Harvard

Zanzar pela imensa área de Harvard e contemplar as construções já é uma delícia, mas melhor ainda é ouvir explicações a respeito da arquitetura dos prédios universitários e curiosidades das celebridades que viveram ali. Para isso, faça um tour gratuito guiado, de preferência, por um estudante, como os muitos oferecidos por lá.

Depois, tire um tempo para se misturar à galera e se sentir aluno de novo – detalhe, da melhor universidade do mundo – espiando os refeitórios, sentando nos pufes próximos do Instituto de Ciências, entrando nas lanchonetes baratinhas, comprando um quitute num food truck e explorando as livrarias completíssimas que estão nos arredores de Harvard.

Adobe Stock: Harvard, Cambridge – Marcio

Adobe Stock: Harvard, Cambridge – Andrew

Cultura

Boston também exala cultura além dos portões de suas universidades. Assim como Nova York, a metrópole tem o seu Theater District e o Instituto de Arte Contemporânea, o qual recebe exposições de artistas que estão em voga.

Mas o que é imperdível é o Museum of Fine Arts. O museu ostenta a segunda maior coleção permanente do país (atrás do nova-iorquino Metropolitan), com um acervo que contempla de arte de civilizações antigas a contemporâneas, de tecidos a joias e de esculturas africanas a pinturas renascentistas. São quase 350 mil itens expostos.

Adobe Stock: Boston, Massachusetts – Wangkun Jia

Adobe Stock: Boston, Massachusetts – Wangkun Jia

Tradição cervejeira

Nos restaurantes e bares de Boston é fácil de encontrar chopes locais, como os da Harpoon e da Bully Dog. Afinal, a tradição de produzir cerveja é forte na cidade.

A Samuel Adams, a maior cervejaria artesanal dos Estados Unidos, distribuída em mais de 20 países, é feita na cidade. Assim, vale ir até a fábrica, seja para tomar uma cervejinha no bar ou para fazer o tour guiado.

Em uma hora de visita, os cervejeiros aprendem a história da empresa, veem o processo de fabricação e, enfim, podem provar algumas bebidas.

Adobe Stock: Cerveja, Boston – Steve Cukrov

Adobe Stock: Boston, Massachusetts – Eskystudio

Boa para caminhar

Boston é compacta e, ainda que você queira ir do estádio Fenway Park, casa do time de beisebol Red Socks, até o agradável Waterfront (cada um em uma ponta da cidade), de onde partem tours de barco, você não levará mais que uma hora – isso se resistir a paradinhas estratégicas nas lojas pelo caminho. As caminhadas são tão instituídas que, ao pedir informação do quão longe você está de um ponto turístico, acostume-se a receber como resposta o tempo de andança: 5 ou 20 minutos.

Um percurso a pé que todo mundo faz é a Freedom Trail (Trilha da Liberdade), trajeto de 4 km que conduz a casas, escolas, igrejas e sedes do governo que serviram de palco de discussões e manifestações contra a Coroa inglesa, o que culminou na independência dos Estados Unidos, assinada em 1776, na Filadélfia.

Freedom Trail

A Freedom Trail começa no parque Boston Common, o Central Park da cidade. Depois, segue para a Massachusetts State House – a Assembleia Legislativa, toda imponente, com seu domo dourado –, passa pelo Old City Hall, a antiga sede do governo, até chegar a uma das construções mais bonitas do roteiro: a Old State House.

Trata-se do prédio público mais antigo dos Estados Unidos ainda de pé, em cuja sacada foi lida para o povo a Proclamação da Independência, em 8 de julho de 1776, quatro dias depois de ter sido assinada na Filadélfia.

Agora, a casa guarda um museu interessante, assim como fazem várias das mansões históricas do roteiro. Já que a história americana não é tão conhecida pelos brasileiros, a dica é explorar esses locais rapidamente e reservar algumas horas para ir a mais dois points essenciais da trilha: o Faneuil Hall e o Quincy Market, um de frente para o outro.

O primeiro é um mercado, que funciona desde 1742. Ali é possível encontrar quinquilharias, como bichinhos de pelúcia, ímãs, chapéus com formato de lagosta e moletons de Harvard. Mais agradável é ficar no lado de fora, área reservada para os pedestres, onde há uma porção daquelas boas e velhas lojas americanas.

Já o Quincy, no mesmo pedaço badalado, é um mercado de comidas despojado, cujos balcões servem de tudo: de lagostas e ostras (os frutos do mar são tradicionais nos cardápios locais) a comida tailandesa, saladas e cookies.

Adobe Stock: Boston, Massachusetts – Felix Mizioznikov

Adobe Stock: George Washington monument, Boston – F11photo

Publicado em: 16/06/2023
Atualizada em: 06/07/2023
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